Reflexões
Ao contrário da maioria dos animais, o ser humano
desenvolve o seu conhecimento através das aprendizagens que concretiza ao longo
da vida. Talvez por isso o saber, a ponderação, a maturidade se aperfeiçoem à
medida que as rugas do rosto e do coração se vincam em cada um de nós.
Sabiamente, só mesmo a partir de uma determinada
idade, e de um determinado caminho, se é reconhecida a capacidade para um
membro do clero chegar a Cardeal, a um Homem das artes e ofícios atingir o
patamar de Mestre, a um Homem do conhecimento chegar à categoria de
investigador/especialista…
Os Humanistas defendem que o poder deve estar na
mão dos sábios (?) e esclarecidos (?). Serão, esses, que, teoricamente governam
os países. Mas, que país existe, presentemente, quando assistimos a um corte
abrupto nas pensões dos portugueses? Que sábios, que sensíveis, que
esclarecidos membros do governo são estes que retiram as pensões àqueles que
durante décadas suaram e trabalharam, descontaram do seu salário para possuírem
uma reforma que lhes permitisse obter um final de vida com o mínimo de
dignidade?
Em que país se está a transformar o nosso Portugal,
cujos governantes não têm coragem para enfrentar o poder económico, mas que com
naturalidade e descontração cortam as pensões, retirando a possibilidade das
pessoas irem ao médico, pagarem os medicamentos nas farmácias e se alimentarem?
Que país é este que assiste ao corte nos serviços de saúde, à transferência de
serviços de umas terras para as outras, sem lógica ou sentido, e se cala?
Não é este o Portugal daqueles que se assumem como
Humanistas. Não aceito que aqueles que construíram o nosso país, com empenho,
dedicação, responsabilidade social, profissional e humana sejam hoje
maltratados e vejam os seus direitos extirpados.
A solução para uma parte destes problemas terá de
vir, forçosamente, da Escola, em concertação com as famílias, num novo conceito
de educação, que vise a construção de uma nova sociedade que assuma, real e
concretamente, a importância e a dignidade do ser humano desde que nasce até
que morre. E que nesse percurso, nada lhe falte, de essencial.
A Escola, o ensino, a educação do Homem são e
serão, como já Aristóteles e Platão escreveram há milhares de anos, a chave
para uma sociedade em que a economia seja um elemento da gestão do Homem, e não
a Gestão como fator condicionador da existência do Homem.
Até quando vamos suportar estes ataques?
João Heitor
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