Frenéticas alegrias envoltas no
papel dos embrulhos deram felicidade material às almas mais características
dessas tipologias ou maneiras de ser.
Não são piores ou melhores que outras, vazias, de papeis e de surpresas onde até a refeição da noite de Natal precisou de ser economizada com um mês de antecedência.
São as almas de um tempo que já não atinge a maioria dos habitantes deste país, mesmo até a maioria dos eleitores que, pelo Instituto Nacional de Estatística, pertencem ao escalão 1, 2 e 3 dos endividados e distinguidos pela banca.
Milhões brindam com a magia do Natal que recorda os valores, por uns dias dos muitos que, num ano, servem de entulho para o enchimento dos pilares da produção económica, em altos andares de lojas, escritórios e apartamentos.
A balança, ao longo da história, sempre propendeu na medida certa, de um lado e do outro, para estabelecer o equilíbrio natural.
Não há pesos e vontades que se juntem do mesmo lado e que possam contrabalançar a hipnótica forma de ser e de estar da maioria.
Falsos moralismos e sermões, entre um copo de sumo de laranja, só sobrecarregam o fígado atolado em ovos, álcool e outras iguarias da fartura alimentar.
O medo pode ser um excelente incentivador para a confirmação do sucesso, ainda que a queda para os acidentes de expressão sejam a constante no precipício do comportamento de certas personagens da praça.
Em todas as terras e lugares há uma praça.
De pedra ou de compras.
Lá voltamos aos materiais...
Prefiram-se as praças de pedra onde se encontram, tocam e ouvem as pessoas normais, e se acenam às outras.
Queixam-se os armários, as garagens, as gavetas e os espaços caseiros onde novas contas se contam.
Louvam-se os que alimentam os sonhos daqueles que não querem presentes, mas, somente, um futuro.
E aí, nesse Renascimento diário dos Valores Humanos, nesse desígnio humano, que se veste de branco (pela pureza), de verde (pela esperança), de azul (pela imensidão do céu que se torna o horizonte mais próximo), e mais companheiro de um sol de esperança que se pinta em cada gesto partilhado...
Aqui estão os lápis com que podemos redesenhar o mundo...
João Heitor