sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Esse tempo de boa hora...


Esse tempo...

Nasci num tempo de chuva,
Fui família e integrei a multidão,
Fui um incógnito viajante com ajuda, 
Fui combatente com caneta e esta razão. 

Chego ao tribunal e avalio,
Esse rosto de curtas vidas e noites longas,
Releio as palavras gravadas,
Perdidas no silêncio da alma. 

Houve um tempo que me lembro,
Das viagens tateadas com o paladar,
Em que a promessa era o que não tinha,
Do amor que não me podias dar. 

A promessa é folha rasgada, 
Que o tempo com o espírito partiu. 
Sussurro esquecer esse momento. 
Entre o teu e o meu olhar. 

Abrindo os olhos em cada dia,
Tocarei meu rosto,
Sorrirei memória, 
Esquecerei a saudade...


João Caldeira Heitor

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Motores desafinados e velhos...


Enquanto o governo promove iniciativas de conservação da biodiversidade em contexto urbano, estimulando os municípios a disseminarem os espaços de lazer e de usufruto público, recuperando as zonas ribeirinhas e criando novas áreas verdes com funções específicas, que contribuam, simultaneamente, para a qualidade do ar e o sequestro de carbono;

Enquanto se estabelece a nível europeu e nacional a redução da utilização dos combustíveis fósseis e da poluição do ar através da promoção de bairros com usos mistos (habitação, comércio, trabalho, escola e lazer), reduzindo as deslocações diárias e criando raízes sólidas na vida dos cidadãos, através da partilha e da produção local de bens e serviços;

Enquanto se implementam planos de melhoria da qualidade do ar e a manutenção e modernização operacional da Rede de Monitorização da Qualidade do Ar;

Conhecemos hoje os números de uma parte do outro lado de lá da realidade: existem cerca de 376 mil automóveis a gasóleo a circular em Portugal com excesso de emissões de óxido de azoto (NOx), fabricados a partir de 2014…
Para além destes há ainda a acrescentar aqueles carros com 15 e 20 anos que, quando os seus condutores carregam no acelerador deixam uma nuvem preta no ar, como se de um choco se tratasse, a despejar um manto negro de poluição estrada fora...
Quem não vivenciou este cenário?

Podem “chover” carros elétricos, “construírem” alamedas de árvores e colocarem as bicicletas de “borla”...
Enquanto se mantiverem estes veículos na estrada, todo o pequeno trabalho, toda a política de melhoria da qualidade do ar será uma pequena "mão cheia de areia”, num imenso “deserto” que se quer (e precisa de) conquistar.
Relativamente a esta questão, onde têm estado e o que têm feito as autoridades fiscalizadoras?


João Caldeira Heitor

quinta-feira, 3 de março de 2016

O circo humano...


No último século a vida selvagem tem estado na mira das espingardas, nas armadilhas, na força superior que o ser humano quer impor, nem que seja à força, sobre a natureza.

Os objetivos do desenvolvimento sustentável ganharam eco nas últimas décadas, sem que em todos os países e continentes ele se consiga preconizar.

Resta aliás pensar que se há pessoas a morrer à fome, outras a fugir da guerra, e o desenvolvimento sustentável ou a caça furtiva se remetem a meros pormenores de circunstância.

ONU’s, NATO’s ou outras organizações acabadas em O’s ou A’s têm sido mais palco de simples encenações teatrais do que propriamente “…poderosas expressões de determinação política…”.

O património natural pode ser fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas, nos quais, o Homem é, somente, um elemento. Mas, se nem o Homem se respeita a ele próprio, porque raio devia pensar no ecossistema. O lucro continua a comandar, sob a batuta da economia.

O resto. O resto é apenas a utopia de uma minoria, que ainda que tenha uma visão de horizonte, não usa espingardas, petróleo, ações de bolsa ou biliões de dólares para encurtar o tempo que se está a esgotar para o planeta.

Dias internacionais servem para isso mesmo: internacionalizar. O Dia Internacional da Vida Selvagem tem pela frente o desejo do Homem em domesticar tudo o que o rodeia: até a vida selvagem…

João Caldeira Heitor