sábado, 30 de abril de 2005

É preciso agir!

Num contínuo anúncio de manifestações de estrema direita por toda a Europa, a consolidação de Le Pen em França, mas também na Áustria, em Itália, na Dinamarca, na Holanda e na Bélgica, grupos de extrema direita têm crescido e atraído militantes para as causas xenófobas e racistas que defendem.

Estas ocorrências ganham maior relevo quando se celebram 60 anos sob o fim da II Guerra Mundial. Pessoalmente, encaro a subida dos partidos da extrema-direita como uma derrota dos valores humanos, da tolerância, e da igualdade de direitos, liberdades e garantias.

Volvidos 31 anos sobre a revolução de Abril e após 50 anos de ditadura, os portugueses souberam consolidar a democracia. Somos hoje um país com uma forte identidade histórica, cultural e linguística.

Contudo, vive-se em Portugal uma crise de opinião. Os portugueses estão pessimistas quanto à situação económica do país e deixaram de acreditar e de confiar na classe política “clássica” centrada no PS e PSD.

Além do “antiquado” PCP e do “populista” CDS/PP, o BE imprimiu uma nova mentalidade política, aliada a um novo discurso que tem agradado a uma significativa margem do eleitorado jovem.

Mas a nossa apreensão deve, presentemente, centrar-se na eventualidade de em Portugal surgir um partido de extrema-direita. Se tal viesse a suceder, facilmente, com um discurso nacionalista virado contra a imigração (que ultimamente tem aumentado no nosso país), qualquer novidade que surgisse no panorama político nacional teria entusiásticos apoiantes.

Como é que podemos evitar ou minimizar uma situação deste género? Renovar dia após dia os valores de Abril. Transmitir aos jovens a importância da liberdade de expressão e de pensamento, para todos, sem exclusões. Evidenciar os benefícios das diferenças entre os povos, das trocas culturais, da partilha e da solidariedade perante aqueles que necessitam do nosso apoio.

Não é tarefa fácil, mas de facilidades já a história não se escreve!

Está nas nossas mãos!

segunda-feira, 25 de abril de 2005

25 de Abril! Sempre!!!

Passados 31 anos sobre a revolução dos cravos, comemorar Abril, é, também, renovar os ideais dessa já longínqua Primavera, e fazer com que os mesmos floresçam, se renovem e não caiam no esquecimento.

A juventude sente hoje, mais do que nunca, a importância da sua participação na construção de uma sociedade onde todos tenham lugar. Porém, a maioria dos jovens vive desligada deste marco histórico, político e social do nosso país.

25 de Abril de 1974 é, sem dúvida, a data mais importante da história recente de Portugal. Importante pelas mudanças que produziu, restituindo a liberdade a um povo oprimido durante décadas, por um regime totalitário e opressor. Importante, igualmente, pelo sonho e pela esperança que fez renascer num povo, ansioso por uma sociedade mais justa, mais igual.

Nasci depois do 25 de Abril de 1974, mas comecei desde muito cedo a acompanhar os meus pais numa comemoração breve que os Socialistas Oureenses faziam e fazem, na noite de 24 para 25 de Abril, num passeio à Câmara Municipal, onde talvez uma dúzia de pessoas cantavam a Grândola Vila Morena, o Hino Nacional e atiravam foguetes.

Depressa me apercebi que aquela festa devia ser muito importante e ter bastante significado pelas expressões de alegria dos presentes.

Com o decorrer dos anos fui compreendendo o significado das palavras como liberdade, igualdade, solidariedade, paz, esperança. Com o decorrer dos anos fui compreendendo os valores, os ideais que sustentam a democracia.

Foi também por estes ideais e valores que senti necessidade, de e por várias formas, dar o meu contributo, na sua defesa e fortalecimento.

Volvidos 31 anos após o 25 de Abril, Portugal é um país democrático respeitado, mais desenvolvido, embora não tanto como desejaríamos, onde a necessidade da participação cívica é a cada dia mais sentida.

Afirmar Abril é dia a dia reforçar a democracia, a participação cívica, a liberdade de pensamento, de expressão e de escolha através do voto.

Afirmar Abril, deve ser uma tarefa diária, de afirmação dos direitos, liberdades e garantias dos portugueses. Abril é de todos. E todos têm o direito de participarem na construção e no desenvolvimento do seu país.

Que estes valores se mantenham, tarefa a que todos cumpre, mas é sobretudo aos políticos a quem cabe credibilizar a política, restabelecendo e reforçando a confiança dos cidadãos naqueles que os representam e na democracia.

Hoje podemos escolher, através do voto, os deputados, os governantes e os autarcas. Podemos, democraticamente, e sem revoluções, escolher os nossos representantes.

Em ano de eleições autárquicas afirmar Abril é também poder operar mudanças de políticas nos concelhos onde a liberdade de expressão, a democracia, a prosperidade ainda escasseiam.

Assim, o apelo é para que nos mobilizemos, pelas causas comuns, na afirmação de Abril! Sempre!

24 de Abril de 2005

sábado, 23 de abril de 2005

Ai, ai... estou que nem posso...

Este fim de semana político concentra-se no Centro de Congressos de Lisboa onde o CDS procura novo líder.

Telmo Correia, um dos candidatos, no meio do discuroso disse “não vou andar por aí…”, numa alusão à expressão usada por Pedro Santana Lopes no último Congresso do PSD “Vou andar por aí…”.

Caso para dizer: que falta de originalidade!

Será que o Pedro Tocha ainda não pensou em convidar estes dois, e mais o Alberto João Jardim para fazerem um novo slogan para a Frize….????

terça-feira, 19 de abril de 2005

O novo Papa.

Joseph Ratzinger, 78 anos, Cardeal alemão foi eleito Papa. Era chefe da Congregação para a Doutrina da Fé desde 1981. É considerado dentro e fora da Igreja Católica como homem conservador. Curiosamente, ou não, o Presidente norte-americano, George W. Bush, afirmou hoje que o cardeal Joseph Ratzinger era um homem de “grande sabedoria e cultura”.

Não entendi porque é que Bush utilizou o verbo ser no passado. Decerto Bento XVI continua a ter dentro de si o Cardeal Ratzinger, mesmo depois da sua “morte” como Cardeal e do seu “nascimento” como Papa.

Nas televisões e rádios multiplicam-se as declarações de entendidos na matéria que evidenciam as qualidades do novo Papa, evidenciando, igualmente, a sua tendência conservadora.

Numa altura em que a Igreja Católica necessita de acompanhar a dialéctica da sociedade e das relações humanas, importava, sem renegar aos princípios basilares da fé e da doutrina católica, efectuar algumas reformas. Será Bento XVI homem para essas reformas?

domingo, 17 de abril de 2005

Contrariedades…

Não teremos nós que ganhar tempo,

em alguns lados,

para o perdermos noutros…?

E em todos esses lados e lugares,

o tempo não nos consumirá,

a par com o próprio,

que na mesma frequência nos alimenta?

Será o tempo uma nova invenção,

ou não estaremos nós, sem ele,

perdidos no mesmo tempo…?

Molhado olhar…

A lua sorri em metade,

no escuro céu.

No seu brilhar, recordo o teu beijar,

que um dia me fez sonhar…

Será um brilho para pensar?

Ou, na verdade, não estão meus olhos

feridos de conhecer, amar e esquecer…?

Que molhados me lembram o teu sorrir.

Porque um dia ousaram arriscar.

Que molhados ouviram teu coração falar.

Num viver, que um dia me viu partir…

Abril 2005

quarta-feira, 13 de abril de 2005

Com Isaltino e Loureiro!?!

Luís Marques Mendes, o novo líder do PSD, avisou o Governo de José Sócrates, de que "o Executivo vai deixar de estar à solta".

Num discurso forte, em palavras vãs, defendeu um PSD como "uma oposição séria, competente, firme e responsável".

No final do Congresso, enquanto os comentadores políticos faziam a sua análise, ouvi, e mais tarde confirmei a eleição de Valentim Loureiro e de Isaltino de Morais para os órgãos Nacionais do PSD. Fiquei deveras surpreendido. Como é que são eleitos para a direcção política de um partido que se quer apresentar como alternativa de poder ao PS, pessoas sob as quais recaem dúvidas e processos na justiça portuguesa?!?

É este PSD que quer mostrar a diferença e provar alguma coisa aos portugueses?!?

sexta-feira, 8 de abril de 2005

25 Abril. Sempre, com R, de Revolução!

Nas vésperas do 31 aniversário do 25 de Abril de 1974, vale a pena recordar este poema de Manuel Alegre, escrito o ano passado, depois do Governo do PSD ter espalhado cartazes pelo país fora, onde as palavras deixaram de ser com R de Revolução… E que boa foi ela, a de Abril de 74. E que boas outras seriam…

Abril com "R"

«Trinta anos depois querem tirar o r
se puderem vai a cedilha e o til
trinta anos depois alguém que berre
r de revolução r de Abril
r até de porra r vezes dois
r de renascer trinta anos depois

Trinta anos depois ainda nos resta
da liberdade o l mas qualquer dia
democracia fica sem o d.
Alguém que faça um f para a festa
alguém que venha perguntar porquê
e traga um grande p de poesia.

Trinta anos depois a vida é tua
agarra as letras todas e com elas
escreve a palavra amor (onde somos sempre dois)
escreve a palavra amor em cada rua
e então verás de novo as caravelas
a passar por aqui: trinta anos depois.»


Manuel Alegre

Abril de 2004

domingo, 3 de abril de 2005

Para lá caminhamos...

A velhice é, também, uma etapa da vida do ser humano. A mais certa. Impossível de parar, pelo passar dos segundos, minutos, dias, meses e anos do ser humano.

O conceito de velhice tem sofrido alterações, ao longo dos anos, de acordo com o processo de evolução (positivo?, negativo?) da sociedade. Essas alterações desencadeiam um conjunto de preocupações nuns, e um total alheamento e esquecimento por parte doutros.

As condições de vida das pessoas idosas variam de acordo com o seu estatuto económico, e consoante o seu local de residência.

É certo que nos últimos 12 anos se verificou um significativo aumento de Centros de Dia e de Casas de Repouso, onde as pessoas idosas podem acedes a cuidados permanentes de saúde e acompanhamento especializado.

Porém, serão estes os lugares que a maioria dos idosos pretendem para descansar, após uma vida de trabalho?

Serão estes lugares, por muito que possuam bons técnicos, auxiliares e outros profissionais, sítios de amor, compreensão…?

As mudanças a nível biológico, psicológico e social que se vão verificando no ser humano à medida que chega à velhice, exigem deste um esforço de adaptação a novas condições de vida nos vários patamares de relacionamentos inter-pessoais e afectivos.

Com a redução das capacidades motoras, intelectuais, com a ruptura com a actividade laboral, com a redução dos níveis de rentabilidade económica, e muitas vezes com o “despejo” dos idosos em lares, não estará a sociedade a descurar aqueles que foram elementos fundamentais para a existência do nosso presente, por aquilo que eles construíram no passado?

Para onde caminhamos, nesta vida e neste dia a dia, do corre corre, onde os laços familiares são mais fracos, onde o isolamento dos idosos em lares é uma realidade…

Será que não pensamos que um dia seremos nós?

Não podemos mudar, melhorar, intervir?

Mais do que podemos. Devemos. É um imperativo moral…