sábado, 24 de dezembro de 2011

Bom dia, pai!


Bom dia pai. Chega o Natal e com ele a simpatia natural de alguns, misturada com as boas aparências de uns quantos outros. A economia impera e comanda os homens. Os de discernimento, e os aéreos do costume. Por vezes tenho dificuldades em encontrar-me. Não porque tenha deixado de confiar e acreditar na linha que me guia no horizonte, mas porque tais são as voláteis ocorrências noticiosas e factuais, entre todos as outras, onde por vezes me perco (ou me deixo absorver) nesta dita sociedade em que os dias voam por entre papéis e fórmulas mágicas para construir, refazer, criar e inventar soluções nos problemas dos outros, que, solidariamente, também são os meus.

 Eu sabia não ser fácil. Nunca pensei era que podia ser tão difícil. Estás a imaginar seis remadores dentro de uma balsa, das antigas, em que dois procuram o norte e imprimem o seu suor para lá chegar em cada braçada que a energia lhes dá, mas, outros tantos estão parados (sendo por isso um peso penalizador para os outros dois esforçados), procurando os restantes o sul, disfarçadamente, com laivos de incoerência, maldade ou simples desnorte? Já lá estive. Na balsa. Saí cansado. Não cheguei ao destino. Sei que nunca o alcançarei. É demasiado distante, o sonho para concretizar, quando o caminho das pedras faz mais do que castelos ou muralhas no oriente da China.

Lá em casa a mãe está bem. Ainda que constipada. Apura-se na arte de cuidar dos seus (talvez com demasiados mimos junto da Leonor) em cada dia, em que a noite já superou o nascer e o correr do sol pelo dia vivido. Tem mais cabelos brancos, como todos nós, mas não deixa de ter presente aquela sua peculiar forma de ser e de estar.

Os teus amigos, e aqueles que desde que partiste dizem ter sido sempre teus amigos – mas que de conhecidos nunca passaram – dizia, os teus amigos vão como as folhas das árvores nas quatro estações do ano: incertos como o tempo. Alguns deles lutam pela vida, outros já por aí te acompanham. Felizes à sua maneira, os que aqui nos alegram com o seu sorrir, como cada um de nós, ou infelizes pelas curvas dos caminhos e das partidas que os dias e as noites nos pregam.

Olha, há ainda aqueles, outros, de línguas simétricas correspondentes aos pensamentos e actos similares da descrença, do escárnio e do maldizer. Não, não são actores de um qualquer auto de Gil Vicente. São mesmo fiéis às suas características e químicas composições, que nada mais podem dar aos dias deles, e dos outros que com eles se cruzam.

Por escrever a palavra cruzar. A Leonor fala em ti com frequência. Não te conheceu ao vivo, mas numa destas noites, já perto das 12 badaladas, disse-me que a caminho de casa te tinha visto. No céu, numa estrela, onde estavas a olhar para ela. Confesso que as lágrimas jorraram cá dentro, mas com um sorriso, confirmei-lhe que tu estavas mesmo lá – aí – a olhar por ela, tal como quando aqui viveste, dos teus cuidaste e protegeste.

Já tive mais medo da morte, sabias? Será da idade? Não deixo de ter a paixão de viver, mas sinto na Leonor a continuidade da vida, pelo bater do coração, pela razão dos afectos e na missão que dizem termos nesta terra de pé.

Sabes que continuo a ser muito emotivo. Pena não ser de lata, às vezes. Mas por mais que respire frente ao espelho não consigo embaciá-lo de forma a disfarçar a carne e a sensibilidade que me compõe. Olha, outra coisa. Tenho seguido aquele teu conselho que em tempos considerava ser ”uma seca”. Ouço mais do que falo. Sei que assim aprendo com o que os outros dizem. Separo o trigo, do milho, do centeio. Não, não quero um moinho. Moinhos de vento já são as metáforas que consomem os dias em que nem uma ténue alegria se desperta no trabalho. Se ando cansado? Ando. Escrevo-o com realidade. Não consigo chegar a tanto sítio, a tanto caminho que se fosse percorrido por mais uns quantos, daria uma bela fotografia de apreciar e valorizar. Mas está frio, sabes? As lareiras convidam ao refúgio no Inverno. As praias às escapadelas no Verão. Os passeios ao rebentar da Primavera. E no Outono, tudo cai, novamente em que o retemperar de energias os deixa inertes. Talvez eles tenham razão. Mas, lembraste de quando pela calada da noite saia sozinho para ir ter com mais uns quantos (loucos, mas sãos, rapazes) que perseguiam um sonho, e me dizias que o frio lá de fora obrigava a vestir um casaco quente. Pois bem. Percebo que a tua preocupação não se prendia com a temperatura da rua, mas sim com a protecção da integridade, com a defesa da consciência, com o desejo de me teres mais tempo, por perto. Devia ter ido à pesca mais vezes contigo. Era sempre depois, um dia, logo combinamos. Ando a cometer os mesmos erros. Não estou com os meus amigos, nem sempre dou mimo à mãe, e quem me ama sente a minha ausência. Valerá a pena tudo isto, quando na hora da dor ou deles estamos rodeados, ou o vazio nos preenche?

Tenho olhado as queimadas desta época. Começam por ser uma quantidade cúbica de matéria, que em combustão liberta fumo e calor, acabando por ficar em matéria de cinza que assenta no chão frio. Talvez deva apreciar mais o pó, até o dos móveis, que repousa, nos olha e vê passar, a correr, numa labuta desenfreada como se de uma maratona se tratasse, sem que no final qualquer medalha ou pódio exista para ouvir as palmas que outros não estavam presentes para bater.

Sim continuo a acreditar no que a vida pode ser, pelo sonho que a comanda, mas (há sempre um, um dia, um eterno “mas”) mais do que difícil, o sonho não passa disso mesmo: de um conjunto de desejos entrelaçados em lugares, ligado pelo calor das pessoas que deles e por eles fazem criar a cadeia de união que os efectiva. As cadeias, de união, de fragmentação, de explosão e de umas quantas outras equações físicas e matemáticas acabam sempre por dar o mesmo resultado: ser. Não é o ser de existir. Mas sim o ser de sermos. Só é, só somos, só vemos ser quem se dá, quem se partilha, quem se entrega à missão da vida. E depois, nessa, nesta e em todas elas, varia, implícita e efectivamente, a vontade de cada um.

Desde que te escrevo que já vi a noite a deitar-se e o sol a nascer. Hoje é Natal. Á noite voltarei a pensar em ti, naqueles momentos de silêncio, em que só um filho e um pai percebem e sentem.

Se este texto devia ficar guardado? Devia. Até porque a protecção do nosso ser passa por não expor as nossas fraquezas. Mas, como humano que sou, não posso esconder ou reservar aquilo que decerto, muitos como eu recordam na saudade pelos seus, e vivem o dia-a-dia de altos e baixos, como a geografia da terra onde respiramos e somos, nós…
João Miguel

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Na dúvida? Na dúvida é melhor perguntar!


Nem com ajuda nos textos escritos, com espátula, pincel, ou conselhos de doutores de barba rija há quem perceba que nem sempre o que parece é, ou, o que é parece ser, seja...
Na dúvida, devia lamber…lamber papel e orientar-se…

(com o devido respeito aos pasteleiros, professores e pedreiros)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

9 anos depois...



9 anos depois, há datas, como a de hoje, que pesam mais o olhar, que apertam mais o coração, que molham mais a menina do olho. 
Aquelas datas que resultam dos laços afectivos e de sangue, que resultam da memória presente de quem nos fez chegar ao mundo, nos educou e nos ensinou a crescer... 
Presente, até que um dia também chegue a nossa hora, de pelos nossos sermos lembrados e recordados no que de bom fazemos e damos aos que nos rodeiam... 
Até porque, essa é a essência da vida...

João Caldeira Heitor

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Doce, sexy e sensual... :)


Sete e meia da manhã. 
Uns pequenos raios de sol entravam pelas frestas dos estores do quarto.

Suficientes para um maravilhoso ser entrar porta dentro e se abeirar da cama.

Fê-lo, suavemente, enquanto pousou as mãos na base da cama e se aproximou de mim.

A ponta dos seus cabelos começo-me a tocar.

Senti pequenos beijos pela cara toda.

Tal e qual como lhe fiz, e faço, para a adormecer.

Ao abrir um olho, deparo-me com uma meiga e terna face que sussurrando me dá os bons dias, pedindo, ao mesmo tempo para entrar dentro da cama, na troca de mimo e afecto.

Estes momentos, únicos nas nossas vidas, revelam o amor entre pais e filhos.

Cada um da sua forma.

Dizem que passa rápido.

Mas, por mais que olhe a pequena Leonor nos olhos, não deixo de sentir aqueles beijos espalhados pelo rosto num momento inesquecível…

João Caldeira Heitor

Na penumbra do descrédito...


Estratégias nos dias de hoje…

A cada dia que passa o pronome “eu” é mais utilizado em detrimento do pronome “nós”. Parece existir, em certa gente, uma tentação para afunilar as atenções, os olhares do mundo na direcção do seu umbigo.

Limitados de horizontes são aqueles que de um grão de açúcar querem, e pensam conseguir fazer um bolo. Desejam, simultaneamente, que quem os rodeia e venera acreditem em tais miudezas, em tais cenários idílicos. Como se as pessoas não tivessem capacidade de discernimento.

Aristóteles referia a grandeza do Homem pela sua moralidade. A moralidade que não precisa de ser pronunciada pelos nossos lábios, mas que existe dentro de cada um, e é expressa pelos nossos actos, posições públicas e individuais. Essa é uma das grandes diferenças que existe entre os Homens que fazem História, dos outros. História essa tantas vezes injusta e madrasta, que retém na memória colectiva um episódio negativo, relegando para segundo plano méritos projectos. Mas, assim crescemos, conhecemos homens e mulheres nas nossas ruas, terras, no nosso concelho, neste país.

Mais estranhos, e incompreensíveis se afiguram aqueles que, insistentemente, pautam a sua acção pelo contínuo descrédito, pela maledicência das palavras, pela pequenez de práticas e posturas. Há quem defenda que tais personagens jamais souberam estar de outra forma na vida, e que de construção pouco ou nada se lhes conhece. Também não consigo, nem quero, avaliar tais produtos em banca, como se de uma feira de vaidades, ou palcos de fotografias se tratasse. A política e a sua nobre função exigem responsabilidade, integridade e verdade.

Paralelamente, podemos alvitrar a inexistência de tais atributos, que em vários textos, na Bíblia, nas confissões e nos pensamentos de almofada tão límpidos contrastes encontramos entre o “ter” e o “ser”… Há quem muito tenha, sem que alguém seja, sem ser reconhecido como relevante, válido ou fulcral junto daqueles que detêm a honra de tal distinção.

As lições de vida não são aquelas que nos ditam, que nos mandam espalhar, que nos escrevem, que redigem na surdina das estratégias individuais ou de clã. É a própria vida que se encarrega de as ilustrar, de as fazer viver e sentir. Em nós e no íntimo que compõe a nossa integridade deve existir a linha que separa os limites, que define as condutas…

A humildade individual (que muitos apregoam possuir perante a sociedade onde somos ou pensamos ser alguém), exige um respeito partilhado com os outros, e assente em pilares de honestidade intelectual.

Os grandes estadistas foram e são aqueles que souberam crescer, amadurecer e aprender com os outros. Só assim se consegue ser, pessoa, neste mundo de gente...

João Nos dias de hoje há duas opções distintas e determinantes: ou nos resignamos à crise e com ela nos deixamos levar como uma folha é movida pelo vento, ou, cerramos os punhos e lutamos. Entre uma e outra situam-se aqueles que apontam o dedo à ferida sem a querer tratar, ou, os que a procuram sarar.

Este é o tempo de fazer renascer a esperança no futuro imediato, próximo, que na volatilidade dos dias apresenta-se, muitas vezes, já amanhã…

Um amigo relembrou-me a recente ocorrência do Solstício de Inverno. É o momento do ano em que as noites diminuem e passa a existir um conquistador aumento do dia. Do dia que se afirma na luz, na alimentada confiança de cada um, e de todos nós. Talvez não seja coincidência que os povos das regiões do globo onde o sol espelha a sua luminosidade mais dias no ano, sejam mais afáveis, positivos, alegres e com uma energia contagiante.

O Solstício de Inverno pode (e deve) ser o ponto de viragem, o momento da esperança em que o Homem germine novas posturas, nas suas relações entre os seus pares, e com a natureza.

Muitas ameaças pairam sobre todos nós: as reais, as fictícias, as inimagináveis e as conspirativas. Não, não são umas quaisquer tipologias ou graus da língua portuguesa. São mesmo as que resultam das mentes brilhantes, das imaginárias, das diminutas e das mesquinhas que, ao nosso lado, na nossa terra, na nossa região, no país e no mundo se julgam incólumes a qualquer sanção, e, ainda, detentoras de benefícios exclusivos.

Todos nós somos descartáveis assim que deixemos de ser necessários. Iludem-se aqueles que se julgam possuidores da razão, do conhecimento privilegiado e que menosprezam a vigilância constante que as mentes livres aplicam em silêncio.

Fórmulas mágicas e pessoas perfeitas existem nos filmes e nos contos de fadas. Na vida real distinguem-se os que têm humildade para ouvir, partilhar e unir esforços, de todos os outros. Mesmo que todos os outros sejam felizes à sua maneira, perdoam-se as suas posturas pela igual capacidade que Jesus Cristo nos deixou enquanto exemplo de vida. É também por isso imperioso que se invistam os minutos e as horas a construir e a emendar, a apontar, a percorrer o caminho e não a queixarmo-nos das pedras que nele encontramos...

Filosofia? Não. Realidade. A que nos obriga (por sermos dotados de conhecimento) a agir pelos superiores desígnios das relações humanas de que fazemos parte. Utopia? Não. Até porque se não tentarmos “fazer” e “ser” de forma diferente, jamais merecemos (ou teremos) outra oportunidade nesta vida que é só uma…

João Caldeira Heitor

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Cruzes canhoto!


Não há novidades nos dias de hoje.
Repete-se o velho que caiu no esquecimento, alterado pelos novos caminhos dos dias.

Há várias formas de estar na vida, dentro dela, fora dela, em sociedade, no mundo individual de cada um, ou no nosso mundo onde os outros parecem estar, e, algumas vezes, errados.
Há quem assim pense, talvez se veja, se deseje ver, pense ser visto, ou se encontre, mesmo, lá.
Por aqui, tenho dito, não moram verdades supremas. Não as tenho, nem as desejo.
Se alguma vez tivesse essa ilusão, teria, decerto, caído no isolamento social e perdido o discernimento.

Ora aí está. O discernimento. Aquele que falta quando as águas estão turvas e não se sabe o que fazer.
Melhor, bom e de boa figura consegue-se na poltrona do sofá, no café atrás de uma cerveja, ou na “má decência” intelectual de certas gentes.

Não vale tudo, nem tudo vale. Até porque o tempo tem-se encarregue de separar a água turva da terra barrenta. E no fim da passagem da peneira todos seremos pó.
Essa finitude carnal é aquela que nos separa da alma, do coração que sente, da essência que nos separa.

Assim, a morte dos afectos, a perda de discernimento, torna-se para muitos como a linha a evitar.

Há vários provérbios, frases célebres ditas por mortais que pereceram, mas que deixaram essas expressões agora na moda da citação.
Eu limito-me a olhar para as estantes do escritório e a pousar os olhos num livro que tanto representa durante uma noite: “Felizmente Há Luar” de Luís de Sttau Monteiro
(ainda somos livres de pensar, sentir, viver e caminhar)

João Caldeira Heitor

domingo, 18 de setembro de 2011

Geometra...

Regressei às palavras escritas, publicadas com tinta, em papel de jornal.

Semana após semana, no concelho de Ourém debruçar-me-ei sobre estruturas e organizações, pessoas e políticas, eventos e projectos, obras, e o valor da pessoa...

Numa coluna que dá pelo nome de: "Geometria das Palavras"...


João Caldeira Heitor


terça-feira, 6 de setembro de 2011

Ela mesma...

Doce, única e intensa. A vida. A vida que por magia nos dá o bater do coração.

O bater que nos faz voar, beijar as nuvens, tocar as estrelas onde nos perdemos no tempo que é nosso.

Nele ficamos, nele nos entregamos porque assim somos nós...

Fiéis e intensos sonhadores que dos livros fazemos o trilho do respirar.

Na noite quente.

Na fria noite. 

Nas badaladas de cada segundo de sorrir...


João Caldeira Heitor

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Ser pessoa no meio de gente...

As areias finas são como as pedras grossas.

Fiéis à matéria de que são feitas, inalteradas na essência e só quebradas pelo efeito do tempo.

Assim fossem os humanos. 

Inalterados pelos valores.

Comprometidos com a humildade, honestos na sua acção e contrutores do bem comum.

Estas e outras serão as utopias.

Inatingíveis por alguns seres que jamais darão valor ao “ser pessoa”.

Porque para ser pessoa, não basta querer, é preciso ser reconhecido como tal...


João Caldeira Heitor

sexta-feira, 15 de julho de 2011

São estes e outros os ensinamentos esquecidos...

“Os 3 últimos desejos de "Alexandre O Grande” foram expressos à beira da morte e perante os seus generais os enunciou:

1º Que seu caixão fosse transportado pelas mãos dos médicos da época;

2º Que fosse espalhado no caminho até seu túmulo os seus tesouros conquistados (prata, ouro, pedras preciosas...);

3º Que suas duas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista de todos.

Um dos seus generais, admirado com esses desejos insólitos, perguntou a Alexandre quais as razões. Alexandre explicou:

1º Quero que os mais iminentes médicos carreguem meu caixão para mostrar que eles não têm o poder de cura perante a morte;

2º Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros para que as pessoas possam ver que os bens materiais aqui conquistados, aqui permanecem;

3º Quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de mãos vazias viemos e de mãos vazias partimos.”

E no intervalo entre estas palavras e uma reflexão interna, em escassos segundos, a nossa alma pode encaminhar-se para dezenas de ocorrências, de questões, de incomodos pessoais e sociais.

Pessoais, pela condição humana de que somos feitos...

Sociais, pelos condicionalismos a que somos sujeitos...

E, também no intervalo entre ambos, pisando, imaginariamente, os mosaicos pretos e brancos da pureza do nosso viver, importa afirmar que na primeira e na última instância, somos os construtores da nossa essência...

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Não vale tudo...


Um representante de Palestina começou assimo seu discurso na Assembleia das Nações Unidas: "Antes de começar a minha intervenção, quero dizer-lhes algo sobre Moisés. Quando partiu a rocha e inundou tudo de água, pensou: "que oportunidade boa de tomar um banho!". Tirou a roupa, colocou-a ao lado sobre a rocha e entra na água. Quando saiu e quis vestir-se, a roupa tinha desaparecido. Um Israelita tinha-as roubado".


O representante Israelita saltou furioso e disse, "que é que você está a dizer? Os Israelitas não estavam lá nessa altura."


O representante Palestiniano sorriu e disse: "e agora que se tornou tudo claro, vou começar o meu discurso."

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Longe da perfeição...


Não podemos dar tudo o que temos.


Se o fizermos ficamos despidos.


Sem trunfos para surpreender.


Sem novidades para fazer brilhar os olhos…

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Quando o dia nos voa por entre os dedos...

Mesmo que neste andar, de movimento, ou urbano, se esqueçam das vontades que alimentam as tuas entranhas, não deixes de acreditar em ti.

Lembra-te. Eles são todos mágicos detentores de mil sábias palavras, de moldados cabelos, de esculturais corpos, de macias peles, de bons, belos e bonitos carros, roupas e casas.

Mas, onde te agarras tu quando no centro do olhar encontras o vazio do céu, o deserto da magia?

Se os homens são previsíveis aos olhos das mulheres, e estas aos olhos deles, porque motivo se fazem embrulhos e prendas que o sol, os dias e a desilusão mais tarde te faz caminhar para o ecoponto dos desaires do sentimento?

Eterna insatisfação acrescida de errada pontaria, ou quiçá destino cruel que nos foi traçado? Tudo isso é de fácil emissão vocal e interiorização. E a complexidade e imprevisibilidade do ser humano, como o mais insaciável ser que se quer ultrapassar constantemente? Não, isso não. Até porque não é romântico ou melodramático. Precisamos do triste fado e negra sina de uma qualquer desgraça. Mesmo quando no normal percurso da vida, onde entre o nascer e o morrer, há dias em que choramos o sentir, a perda, a ausência, o vazio…

Pára. Olha o céu. Não escolhas uma estrela. Escolhe várias. Convida-as a ir ver o mar. Fala com elas. Não ouves as suas respostas, os seus sorrisos que fazem brilhar a Lua?

Pede. Pede à cigarra que te lance a sua melodia e deixa-te voar pelo que a natureza te dá. Sim, a natureza. Que coisa mais sem sal e eclética, nada moderna, banal e desprezível quando de sentimentos se fala e para árvores, pássaros e ervas me remetes meu Suplemento de Alma…

Mas, é da e na natureza que o equilíbrio nos encontra, ou nós nele. Aquela natureza que de nós só respeito exige. Aquela por quem nós somos responsáveis, pois só nós dela podemos cuidar. A nossa natureza interior… A pura que de nós emerge quando libertos de pensamentos, soltos de amarras, livres de pensamento nos situamos no meio, nos orientamos na bússola, nos definimos com o nosso querer.

Tudo. Tudo o resto é efémero.

Entre o efémero, e o dia de fechar os olhos, está o tempo que temos para viver.

Utopicamente, ficará sempre muito para fazer. Muito para ver. Muito para conquistar. Mas, no dia a dia olhamos os relógios e somos guiados pelas responsabilidades que nos castram o pôr de sol, os pingos de chuva grossa, os beijos das nuvens, o cheiro das ondas e das serras…

Meu Suplemento de Alma…a sã loucura é a que nos deixa ser nós mesmos com todos os nossos defeitos e virtudes.

Estamos a tempo de mudar? Sempre a tempo, mesmo que no tempo, tempo não se encontre…

Como diria um grupo de homens livres e de bons costumes: que assim seja…se tua vontade assim o indicar...

João Caldeira Heitor

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Os corações que gelo derretem...

Tu não percebes, mesmo que te ponha em palavras simples…

Põe ali o teu coração, de forma simples, enquanto aqui estou.

Não tenhas medo. Protejo o teu sentimento que em ti carregas, de simples maneira.

Perguntas que coisa é esta na vida, sobre a qual não consegues responder.

Distraída andas com as borboletas das noites de magia, onde a distracção te conduz à ignorância da óbvia solidão sem mim.

No mais pequeno beijo de distracção, que desculpas me dê para te roubar, imagina teu ser de livre forma ali ou aqui esteja.

Desde que te vi que a minha simples forma de viver mudou o ar de respirar…

Só, pela simples forma de o respirar de forma diferente.

Para quê complicar o já complicado coração que, desmesuradamente, se bate sem controlo face aos nossos olhos que te pulverizam em choque de intenso calor e desejo?

Já te disse, põe ali, junto ao meu, teu coração...


João Caldeira Heitor

quinta-feira, 14 de abril de 2011

De sentir os animais, como nós, o somos...

Os minutos, os meses e os anos passam.

Nas nossas vidas, nas memórias dos percursos trilhados, nos laços que nos caracterizam em carne e sangue desta nossa espécie animal racional.

Seremos dotados de mil e uma potencialidades, características, feitios, crenças, acções e pensamentos.

E além destes, do sentir.

Se o meu pai fosse vivo faria hoje 68 anos.

Tenho pena que ele não tenha desfrutado a sua merecida reforma.

Tenho pena que ele não tenha desfrutado da neta que em traços, expressões e reacções, se encontram linhas comuns…

E nesta pena, as saudades…

Tenho pena que passemos a vida num corre, corre, sem que possamos aproveitar o sol, saborear a chuva, assistir ao pôr-do-sol, contemplar as estrelas, ouvir o mar, sentir o vento na cara, transpirar em sorrir e alegria espontânea quando tocados na nossa alma…

Perdem-se e perdemo-nos em futilidades, tantas vezes. 

Vezes demais, possamos nós avaliar e lembrar o que nos últimos meses nos fez, positivamente, sentir o frio no estômago, os pelos do corpo eriçados, os músculos incontroláveis que instintivamente refletem os nossos sentidos…

Contra mim escrevo, penso ou aponto o dedo.

De ferro são as estátuas. 

De pedra os monumentos. 

De sentir os animais, como nós, o somos ...


João Caldeira Heitor

sábado, 2 de abril de 2011

Só se reduz quando não há?

Como é estranho o ser humano.

Quando pode, usa e gasta sem pensar no amanhã.


Quando o amanhã está comprometido, procura reduzir e salvar o que, provavelmente, será irrecuperável...

quarta-feira, 16 de março de 2011

Não quero, nem sou detentor da verdade...

Nesta corrida da humanidade, que se procura ultrapassar a si própria, esquece-se o Homem que o equilíbrio entre a natureza e a sua presença é condição fundamental para a sobrevivência da nossa espécie.

Quais Carlos Lopes e Rosas Motas apresentam-se diariamente em busca de um lugar mais alto, mais vistoso, mais bem remunerado, mais socialmente digno de um qualquer valor (ainda escondido ou inexistente em seus corpos – dedicamos esta imagem a tais personagens).

Perdem o sentido do Norte, talvez a decência herdada em berço, mas, esquecida nas páginas dos jornais, nas teclas de vulcânicos textos que brotam inflamadas cruzadas contra os hereges.

São seres de outra dimensão e qualidade, inertes em humildade, repletos de poder e direitos, quiçá por vezes julgando ser D. Quixote, tal é a dimensão de cada moinho, de cada rajada de vento que mói o esfregar da cara, o coçar de cabelo, ou o copo que alimenta e acompanha a solidão da escrita. 

Essa solidão que se alimenta para tentar criar atenções, importâncias e magníficas pretensões.

Seres há que não têm tempo para ouvir e aceitar uma opinião diferente. 

Ou quem sabe, a ousadia dos outros também pensarem, dos outros também terem vivido e viverem no mesmo mundo.

Seres há que se esquecem que o novo não é nada mais do que o velho que caiu no esquecimento, como diz o provérbio russo, e que no fim de todas as novidades, nascemos e morremos da mesma forma.

Seres há que se esquecem que é no intervalo entre o nascer e o perecer, que podemos fazer a diferença, valer pelo que somos e pelo que ajudamos a ser. 

Valer pelo que alimentamos nos outros e em todos nós, naquilo a que chamam de sociedade.

A folha da acácia disse um dia para o homem que a ostentava orgulhoso:

“Não é o meu brilho que te dá valor. É o teu valor que me dá brilho...”.


João Caldeira Heitor

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

domingo, 16 de janeiro de 2011

Nós em vez do Eu... E Ser em vez de "querer"...

A vida é composta de mudanças.

Mudam-se os tempos, as pessoas, como escreveu o poeta.

Desde a nascença até à morte, não será o ser “qualquer coisa” que importa e conta.

O ser, é pessoa no seu expoente máximo.

E para o ser, de dentro deve afirmar-se a luz do valor.

De fora podem-se vestir fatos e fardas, mas é do interior que afirmamos a essência que nos compõe, e, nos faz.

Entre os vários percursos, afirmar o ser interior é polir a nobreza dos valores.

Não se deve dirigir as energias para dentro. Deve-se dirigir as energias para fora.

Para os outros, para o colectivo que une e fortalece a sociedade.

Utópico? 

Sim.

Mas, se à rotina, se ao facilitismo vendessemos a alma, então aí tinhamos perdido o combate de décadas....


João Caldeira Heitor

domingo, 9 de janeiro de 2011

Esse papel não é meu?

Ao longo dos séculos que o Homem sente necessidade de marcar o seu território.

A posse, de bens ou de poderes, foi e continua a ser um objetivo premente para algumas mentes.

A legitimidade com que se “vive”, “faz” e “convive”, eticamente deve ser proporcional à moral que se apregoa.

Que a frontalidade impere, e que a elevação se instale... de vez!

A gerência e a sociedade, agradecem...