sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Há anjos no céu e na terra?


Há quem queira e não possa agarrar esse teu corpo preso,
que parece solto,
pois na certeza,
 só pelo coração te deixas conquistar.

Ali foste um momento,
entre tantos ou nenhuns,
sem se aperceberem,
o nosso cúmplice silêncio.

Aí estás sem que saiba como,
talvez realizada,
talvez sofrida,
sem saber evitar o julgamento do teu sentir.

Dizes que tens asas de anjo,
mente de demónio e talvez coração de princesa,
como se disso tu própria saibas ou tenhas certezas.

Em cada amanhecer agita-se esse outro mundo,
onde vestes a capa que impede a ousadia e a tentação,
onde perduras na bola de cristal,
onde te mostras doce e simpática.

Passam-se os anos e lá nos vamos perdendo ou caminhando,
sobre um qualquer mandamento errante,
de encontros e desencontros ocasionais,
sem te chegar a tocar.

Mas um toque sublime,
que se sente pela alma,
como uma luz que nos atrai
e nos afasta com medo do que daí pudesse surgir.

Regressa ao teu mundo,
que não posso nem quero alterar,
pois não consigo,
nem vejo como sequer te poder tocar.

Os anjos têm missões,
os demónios as tentações,
as pessoas emoções,
mesmo que no passar do tempo tudo não passe de um punhado de ilusões…



João Caldeira Heitor