Os minutos, os meses e os anos passam.
Nas nossas vidas, nas memórias dos percursos trilhados, nos laços que nos caracterizam em carne e sangue desta nossa espécie animal racional.
Seremos dotados de mil e uma potencialidades, características, feitios, crenças, acções e pensamentos.
E além destes, do sentir.
Se o meu pai fosse vivo faria hoje 68 anos.
Tenho pena que ele não tenha desfrutado a sua merecida reforma.
Tenho pena que ele não tenha desfrutado da neta que em traços, expressões e reacções, se encontram linhas comuns…
E nesta pena, as saudades…
Tenho pena que passemos a vida num corre, corre, sem que possamos aproveitar o sol, saborear a chuva, assistir ao pôr-do-sol, contemplar as estrelas, ouvir o mar, sentir o vento na cara, transpirar em sorrir e alegria espontânea quando tocados na nossa alma…
Perdem-se e perdemo-nos em futilidades, tantas vezes.
Vezes demais, possamos nós avaliar e lembrar o que nos últimos meses nos fez, positivamente, sentir o frio no estômago, os pelos do corpo eriçados, os músculos incontroláveis que instintivamente refletem os nossos sentidos…
Contra mim escrevo, penso ou aponto o dedo.
De ferro são as estátuas.
De pedra os monumentos.
De sentir os animais, como nós, o somos ...
João Caldeira Heitor