terça-feira, 30 de novembro de 2004

Eu ia-me embora!

São casos, atrás de casos. Desta vez, um amigo pessoal de Santana Lopes e também Ministro demite-se alegando falta de lealdade, de organização...
Se Santana Lopes é assim com os amigos...
Mas tudo está bem no "país dos laranjas" onde um Ministro "bate com a porta" 4 dias depois de ser nomeado, e tudo está bem...
E tudo está bem para Jorge Sampaio depois do grande erro de ter aceite a nomeação de Santana Lopes como Primeiro Ministro.
Santana Lopes nem sabe o que fazer, nem o que anda a fazer.
Por exemplo, discursa em cerimónias oficiais, como se ainda estivesse no Congresso em Barcelos... Seria à espera de Marcelo, de Cavaco, de Beleza, de Ferreira Leite?
Ri-se para as câmaras à procura da melhor foto que dê capa de revista...
Deixem-me trabalhar!!!Foi a frase que foi recuperada de Cavaco Silva. Mas se a memória não me atraiçoa, Cavaco na altura disse: "Deixem-nos trabalhar!"
A questão de uma ser dita no singular e outra no plural, pode, gramaticalmente exprimir o sentido da governação de Cavaco e de Santana. Santana é um homem só, em que poucos já acreditam. Nem os seus amigos e mais altos dirigentes do PSD lhe dão crédito... Cavaco era homem que tinha um grupo de políticos que o respeitavam, admiravam e apoiavam.
Afinal, a gramática tem destas pequenas coisas... Ilustra-nos a diferença entre um estadista (quer se goste ou não - Cavaco), e uma outra personagem que também gostava de ter sido, ser, ou vir a ser um dia estadista (Santana)... Onde?
Nem que seja numa qualquer Quinta das Nulidades.
Ah... Os professores ultrapassados continuam por colocar...
É mais uma, entre muitas...

segunda-feira, 29 de novembro de 2004

Regaria as rosas com as minhas lágrimas...

Uma amiga enviou-me por email este texto. É de Gabriel Garcia Marquez. Pensador, escritor, cidadão do Mundo, retirou-se da vida pública por razões de saúde: cancro linfático. Este foi o texto que enviou aos seus amigos como carta de despedida.
"Se por um instante Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me oferecesse mais um pouco de vida, não diria tudo o que penso, mas pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, entendo que por cada minuto que fechamos os olhos, os sessenta segundos de luz. Andaria quando os outros param, acordaria quando os outros dormem. Ouviria quando os outros falam, e como desfrutaria de um bom gelado de chocolate! Se Deus me oferecesse um pouco de vida, vestir-me-ia de forma simples, deixando a descoberto, não apenas o meu corpo, mas também a minha alma. Meu Deus, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperava que nascesse o sol. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas de um poema de Benedetti, e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à lua. Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos seus espinhos e o beijo encarnado das suas pétalas... Meu Deus, se eu tivesse um pouco de vida... Não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas de quem gosto que gosto delas. Convenceria cada mulher ou homem que é o meu favorito e viveria apaixonado pelo amor. Aos homens provar-lhes-ia como estão equivocados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se apaixonar! A uma criança, dar-lhe-ia asas, mas teria que aprender a voar sozinha. Aos velhos, ensinar-lhes-ia que a morte não chega com a velhice, mas sim com o esquecimento. Tantas coisas aprendi com vocês, os homens... Aprendi que todo o mundo quer viver em cima da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a encosta. Aprendi que quando um recém-nascido aperta com a sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do seu pai, o tem agarrado para sempre. Aprendi que um homem só tem direito a olhar outro de cima para baixo quando vai ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas não me hão-de servir realmente de muito, porque quando me guardarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer..."
GABRIEL GARCIA MARQUEZ

domingo, 28 de novembro de 2004

Recorde! 1 Semana!

O Ministro da Juventude, Desporto e Reabilitação, Henrique Chaves, que estava neste cargo há apenas 1 semana, apresentou hoje a sua demissão alegando "que não concebe a vida política e o exercício de cargos públicos sem uma relação de lealdade entre as pessoas".

A pergunta que se coloca é simples. Porque é que eles estão a demorar tanto a "cair"? Esta demissão deve ser o recorde de tempo como Ministro num Governo, após a instauração da democracia em Portugal...

Só falta o Santana e o Portas seguirem os passos deste Henrique Chaves, que demonstrou com esta posição ser um homem com princípios.


sexta-feira, 26 de novembro de 2004

Morre lentamente...

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.

PABLO NERUDA

quarta-feira, 24 de novembro de 2004

Made in Ucrania = Século XX Português em 40 anos

O alargamento da Europa a Leste, e a abertura das fronteiras, fez de Portugal, no panorama da União Europeia, um dos países mais procurados por cidadãos Ucranianos. Falam em cerca de 150 mil, ultrapassando já os emigrantes oriundos das ex-colónias...

A Ucrânia, foi a votos para eleger o seu Presidente, tendo a Comissão Eleitoral anunciado como vencedor Viktor Ianukovitch.
O candidato da oposição continua a não reconhecer os resultados e pede a repetição da segunda volta das eleições. Curiosamente, os emigrantes Ucranianos presentes em Portugal, na sua maioria, apoiam o candidado da oposição. Leia-se candidato da oposição, como aquele que não é apoiado por Moscovo, aquele que pretende efectuar profundas reformas estruturais, aquele que quer uma aproximação à Europa... Por alguma razão os cidadãos Ucranianos tiveram de emigrar... Por alguma razão os cidadãos Ucranianos querem mudanças e reformas...
Mas estranhamente, ou não, nas ex-Repúblicas Soviéticas, lá continuam a vencer os candidatos com ligações ao Kremlim...

E a história apenas se repete.
Mudam apenas os cenários. Os povos, as datas....
Há uma ligeira parecença com os idos tempos de 40 anos de ditatura, num Portugal remoto, em que os Portugueses tiveram de emigrar para todo o Mundo, para não morrerem de fome...

sábado, 20 de novembro de 2004

Mais de 200 visitas em 7 dias...

Iniciei este Blog em Agosto de 2004. Divulguei-o, inicialmente, pelos amigos. Por poucos. Depois alarguei a informação. Contudo, desconhecia se ele era lido, visto, visitado...
Desde que a minha amiga BLOGOtinha melhorou o Suplemento de Alma, passei a ter um contador de entradas/visitas no Blog.
Na primeira semana em que o contador iniciou a sua função, entraram neste Blog mais de 200 pessoas/visitas.
Tendo em conta que cada visita só é contada uma vez por dia, há motivos para sorrir por existir uma média de 28 pessoas, diferentes, nas 24h de cada dia, a visitarem estas humildes, simples, mas sinceras palavras.
Num Blog que procura fazer uma análise politica, abordando a poesia e a vida social deste nosso Portugal, há razões para estar feliz, e continuar com este projecto de todos.
A todos, o meu obrigado.

quinta-feira, 18 de novembro de 2004

18 de Novembro 2002

Hoje foi dia de reflectir.
De reflectir um pouco mais.
Mais do que é normal.
De lembrar, um pouco mais...
Como as saudades nos cortam, como uma faca invisível...

Mas hoje também é dia de pensar que a vida está aqui, em nossas mãos, para ser vivida.
E só assim, sem guerras e "coisas estúpidas" conseguiremos dar, receber e partilhar o que de bom há na vida.
Com letras verdes, pela esperança que deve inundar os nossos pensamentos, aliada à fé que nos acalenta a alma.

segunda-feira, 15 de novembro de 2004

Os Palestinianos estão mais pobres

A reflexão fria, depois das emoções humanas, quando algo nos mexe por dentro...

Milhares de Palestinianos despediram-se de Arafat, em Ramallah. O Presidente da Palestina ficou sepultado na Mugata, no local onde existiu o edifício, que nos últimos anos sofreu constantes ataques de tanques israelitas.
Yasser Arafat foi um combatente, em dois sentidos. Pegou em armas para defender o seu povo, que sempre lhe foi fiel, e procurou a paz. Muitos líderes internacionais, assim como ex – Chefes de Estado, relembram um discurso de Arafat, onde ele segurava numa mão uma arma, e na outra, um ramo de oliveira. Numa mão segurava a arma que dizia utilizar caso Israel continuasse a invadir o território da Palestina, com a construção de colonatos para judeus. A arma simbolizava a luta armada. Com a outra, segurava um ramo de oliveira, como símbolo da paz que procurava constantemente.
Arafat serviu o seu povo, durante toda a sua vida. Homem íntegro e firme nas suas convicções teve no seu funeral dezenas de Presidentes, Reis e os mais altos dirigentes mundiais.
Há quem diga que com o seu desaparecimento físico (porque ele continua presente na memória dos Palestinianos) novas portas se abrem para uma solução pacífica. Não acreditamos que tal seja possível. O povo da Palestina, por mais que seja liderado por um dirigente Palestiniano mais “subserviente” aos interesses de Israel, jamais deixará de lutar pelos seus direitos.
O povo da Palestina tem direito a viver num país livre, sem guerra, com progresso e liberdade de acção e pensamento.

sábado, 13 de novembro de 2004

Domi contigo...

Dormi contigo a noite inteira junto do mar, na ilha. Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono, entre o fogo e a água. Talvez bem tarde nossos sonos se uniram na altura e no fundo, em cima como ramos que um mesmo vento move, em baixo como raízes vermelhas que se tocam. Talvez teu sono se separou do meu e pelo mar escuro me procurava como antes, quando nem existias, quando sem te enxergar naveguei a teu lado e teus olhos buscavam o que agora / pão, vinho, amor e cólera / te dou, cheias as mãos, porque tu és a taça que só esperava os dons da minha vida. Dormi junto contigo a noite inteira, enquanto a escura terra gira com vivos e com mortos, de repente desperto e no meio da sombra meu braço rodeava tua cintura. Nem a noite nem o sonho puderam separar-nos. Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca saída de teu sono me deu o sabor da terra, de água-marinha, de algas, de tua íntima vida, e recebi teu beijo molhado pela aurora como se me chegasse do mar que nos rodeia. Pablo Neruda

sexta-feira, 12 de novembro de 2004

Há prioridades!

Na pequena localidade da Quinta da Sardinha, freguesia de Santa Catarina da Serra, Concelho de Leiria, há uma escola do 1º Ciclo, que se encontra "literalmente" rodeada (pela esquerda, por trás e pela direita do edificio) por uma Industria de Madeiras. Em frente da Escola, passa a Estrada Nacional 113, onde o tráfego é muito intenso. As questões que coloco são simples: - Em que condições os alunos ouvem a professora, e a professora os ouve a eles? - Quais são as condições que os alunos têm para se concentrar, tendo em conta o constante ruído das máquinas, e das entradas e saidas de camiões naquela unidade industrial? - Em que condições de segurança (face a incêndios ou qualquer outro acidente numa unidade deste tipo), se encontram as crianças que estão naquela escola? - Em que condições, chegam à escola e saem da escola aquelas crianças, junto à Estrada Nacional 113? Não olham as autoridades escolares, municipais e regionais para esta situação? Não existem verbas que permitam transferir a escola daquele local para outro, mais digno e apropriado, para um estabelecimento de ensino? Estarão as autoridades à espera que aconteça alguma catástrofe para depois actuarem? Se prioridades neste país devem haver, esta, é uma delas. As crianças de hoje são os homens de amanhã...

quarta-feira, 10 de novembro de 2004

Amor de Amar!

Chegarás sempre na última palavra
na tarde noturna do desejo
onde a paixão se recolhe
e deposita até os fantasmas
febris do desespero.
Chegarás na bruma
das sílabas sonoras do amor
o ar sonando no sonho
como uma nuvem que se perdeu
e fica boiando no horizonte.
Chegarás como a sombra
quente do sol
esquecida no adeus.
Chegarás para dizerque o amor revela-se
à luz noturna das palavras.
Amor de amar.

Luíz de Miranda

sexta-feira, 5 de novembro de 2004

"... rompam aos saltos e aos pinotes..."

A poesia de Mário de Sá-Carneiro, "chama por mim", em momentos de melancolia, tristeza e desalento.
Será, talvez, resultado de o ter estudado.
E saber que a sua vida, teve em muito, a tristeza, a angustia sentida...

PIED-DE-NEZ

Lá anda a minha Dor às cambalhotas
No salão de vermelho atapetado -
Meu cetim de ternura engordurado,
Rendas da minha ânsia todas rotas...

O Erro sempre a rir-me em destrambelho -
Falso mistério, mas que não se abrange...
De antigo armário que agoirento range,
Minh'alma actual o esverdinhado espelho...

Chora em mim um palhaço às piruetas;
O meu castelo em Espanha, ei-lo vendido -
E, entretanto, foram de violetas,

Deram-me beijos sem os ter pedido...
Mas como sempre, ao fim - bandeiras pretas,
Tômbolas falsas, carroussel partido...

Mário de Sá-Carneiro