"Sou Professor. Sou um privilegiado! Levanto-me, de manhã, muito cedo para fazer uma viagem de 45 km até à minha escola. Gasto 6L em gasolina todos os 5 dias da semana só para ir trabalhar. Tenho aulas em 8 dos dez turnos (manhãs e tardes) da semana, o que significa que almoço na escola 3 vezes por semana, à média de 6 euros por refeição. Por semana são 54 euros, mais ou menos 230 em cada mês. Há dias em que tenho uma aula às 08:30 e depois só volto a ter aulas às 13:30. Durante aquelas duas horas nada posso fazer senão olhar para o boneco que a escola não tem condições para se poder trabalhar. Chego a casa por volta das 18:00, tão cansado como qualquer outro português depois de um dia de trabalho. Mas há dias em que chego mais tarde, porque tenho reuniões de grupo, de departamento, de conselho pedagógico, de coordenação do centro de recursos, com os pais, de directores de turma, etc, etc… Sou contratado há 11 anos. Embora as empresas privadas sejam obrigadas, por lei, a inserir nos quadros de pessoal todos os funcionários com 3 anos de casa", o Estado dá-me um valente pontapé nos fundilhos todos os dias 31 de Agosto de cada ano. Até 2000, nem subsídio de desemprego recebia; e os que recebi após essa data fui obrigado a devolver porque, segundo as finanças, os meus ganhos são "muito elevados". Todos os anos mudo de escola: quando me começo a habituar ao sítio onde estou, já estou de partida. Os meus alunos perguntam-me se serei professor deles no próximo ano: respondo-lhes que não sei, sequer, se serei professor novamente na vida. No dia em que efectivar, se for vivo quando lá chegar, terei de partir para a diáspora: migro para uns valentes 200 ou
E AINDA ME DIZEM QUE NÃO PENSO NOS INTERESSES DOS ALUNOS QUANDO AFIRMO QUE VOU FAZER UMA GREVE???"
sábado, 4 de fevereiro de 2006
Desabafos de um professor...
Desabafos de um professor, colega meu.
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