quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Grandes Homens III


Alexandre Herculano nasceu em Lisboa em 1810, faleceu em Vale de Lobos, Santarém em 1877. Foi inimigo de todas as opressões, e estrénuo defensor da liberdade. Uniu-se aos constitucionais, e sendo implicado na malograda revolta de infantaria n.º 4 de 1831, teve de fugir e embarcar para Rennes, capital da Bretanha, onde existia um depósito de emigrados portugueses. Nesta cidade aproveitava todas as horas de que podia dispor, a estudar na biblioteca os livros e manuscritos. Os emigrados embarcaram em 1832 para Belle-Isle. Alexandre Herculano fez parte da expedição, em que também se encontrava Garrett como praça de soldado de caçadores, e muitos outros homens notáveis. Herculano assentou praça como voluntário da rainha D. Maria II. No cerco do Porto, Herculano foi um dos mais valentes e dos que mais se distinguiram; achou-se nos mais temíveis transes, brilhando na sua nota de serviços datas gloriosas, como a do reconhecimento da cidade de Braga até Bouro, o de Valongo, a acção de Ponte Ferreira no ano de 1832. No mesmo ano foi dispensado do serviço militar para coadjuvar o bibliotecário do paço episcopal até quando rebentou a 10 de Setembro de 1836 o movimento em Lisboa contra a Carta Constitucional. Alexandre Herculano demitiu-se dizendo que partia para Lisboa, porque prestara a maior fé à Carta Constitucional. El-rei D. Fernando nomeou-o em 1839 seu bibliotecário, com o vencimento anual de 600$000 réis, pagos do seu bolso, dando-lhe também casa para residir. Herculano, sem exigir mais remuneração, encarregou-se de organizar as bibliotecas reais da Ajuda e das Necessidades. Engolfado entre os livros que eram todo o seu pensar, continuou a vida de escritor, a quem o futuro reservara o justificado título de poeta filosófico, romancista eminente, e historiador profundo e consciencioso. Era cavaleiro da ordem da Torre e Espada. Apenas aceitou a eleição, por um dos círculos do Porto, para deputado em 1840, e a de vereador, e depois a de presidente da câmara de Belém em 1852. Enquanto viveu na sua casa da Ajuda, recebia todos os sábados a visita de muitos dos seus amigos, na maior parte escritores e poetas distintos, que o respeitavam como mestre, e com quem discutia politica e literatura. Os últimos anos da sua vida foram dedicados aos trabalhos agrícolas, em Vale de Lobos, onde acabou por falecer.

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