Na véspera de início de mais um ano lectivo, a colocação de professores constitui um momento decisivo para a classe docente, órgãos de gestão, pais e alunos.
Talvez encontremos problemas e injustiças nos concursos mais recentes. Talvez um docente no início de carreira tenha de se habituar a ficar deslocado da sua residência, auferindo 700 euros para pagar aluguer de casa/quarto, mais as despesas de deslocação e viver com o restante... Talvez os professores sejam uma classe “nómada”, sem terra fixa, enviados para onde os mandam, sem recursos ou privilégios, como muitos dizem possuírem.
O que talvez ainda leve a maioria dos professores a continuarem no ensino, seja o gosto de ensinar e educar.
Todavia, a cada dia que passa encontramos escolas e políticos apenas preocupados com o sucesso escolar dos alunos e vocacionadas para as qualificações profissionais. E estas, só assim, não respondem inteiramente aos interesses da sociedade.
A formação do carácter dos alunos não pode ser ignorada. Pelo contrário, deve estar sempre presente de modo a ministrar-lhes hábitos costumes e valores.
Possuir uma estrutura ética que nos permita raciocinar sobre os valores morais que regem a sociedade, é tão importante como saber ler, escrever, contar ou possuir outras competências.
A docência tem também uma função socializadora, que passa pela transmissão de normas e valores. O professor, ao contribuir para a formação dos seus alunos, está igualmente a ajudar na configuração da sociedade, dentro dos interesses gerais e valores que a orientam.
A função docente assume, assim, um serviço público, uma função social, uma actividade profissional ao serviço dos interesses gerais.
Perante este mandato da sociedade, o professor, individualmente considerado, imprime uma dimensão ética à sua actividade.
O que se espera do professor não é apenas a formação dos indivíduos, mas também uma prática de autoridade moral.
Que os docentes, neste ano lectivo que se inicia, consigam, apesar das contrariedades, medidas questionáveis e dúbias impostas pelo Ministério da Educação, continuar a possuir o rigor e brio profissional, para a prossecução dos seus fins, nas responsabilidades que sobre si recaem.
João Heitor
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