Talvez me tenha esquecido de alguns, depois de, conscientemente, ter separado os amigos dos conhecidos.
Se bem que conhecidos possam ser muitos, os amigos são sempre menos.
Isto porque a amizade impõe um conjunto de processos, que só o tempo, o camuflar das acções e das provas partilhadas e vividas, nos permitem saborear tal valor: a amizade.
Talvez seja como o vinho. Só algum tempo de repouso, após as uvas terem sido esmagadas, e na pausa do tempo cuidado com a sabedoria de quem o faz, tenha o paladar que faz as delícias dos seus apreciadores.
O vinho. Aquele que se saboreia com um amigo.
Não sei porquê, mas quando escrevo ou ouço a palavra vinho, lembro-me sempre da expressão “o pão e a vida… cálice…” do vinho, ou da vida.
Talvez por isso tenha escolhido esta foto que tirei, um dia, do cimo de um altar de uma igreja.
Aos olhos de muitos, aquilo que dizem ser a Santíssima Trindade.
Nem outra coisa podia ser.
Seríamos hereges ao duvidar de tal explicação.
Até porque, o desconhecimento, continua, após séculos e séculos a favorecer determinadas classes.
Falta de fé? Não. Azia. Combate-se com Kompensan, eu sei, mas hoje nem um chá de digestão fácil me acalma a inquietação da alma, do espírito e da lógica racional das coisas.
Exigente? Não. Ou, talvez sim. Comigo. Demasiado. Ao ponto de fazer cumprir certas linhas e certos objectivos, que mais não são do que representações lógicas do pensamento alicerçado sobre os barrotes dos valores intrínsecos.
E vale a pena continuar assim? Valerá. Pela tranquilidade da consciência e do dever cumprido.
Regressando aos amigos de quem me lembrei, faço o acto reflectido do sorrir, pela espontaneidade das relações e laços estabelecidos, ainda que as distâncias existam.
Por último uma palavra a um amigo especial. A um amigo a quem não tem faltado a rectidão das palavras e dos actos. Uma palavra a quem tem usado os instrumentos e traçado as linhas sem um único desvio. A quem depois de retirada a venda me deu um abraço. Já se acredita menos, no que lá fora se vive e passa. Mas, entre a família que se conta pelos dedos de um pé ou de uma mão, que não nos falte a força para usar o escopro.
Que assim seja!
6 comentários:
Santíssima Trindade
Custa-nos muito perceber que os valores, alguns valores, perderam o seu valor, aquirindo outros.
A amizade é, será um deles. Que valor lhe podemos atribuir!?
Revejo-me na maturação do vinho, do corpo e da alma..do corpo do meu corpo..
À amizade, aos amigos, que escasseiam, mas que ainda resistem.
Dar-te-ia, não um chá de digestão fácil, mas uma taça de vinho maduro.
Talvez assim a tua ira encontrasse a paz de espirito.
Pois mas a verdade é que nasci um bocadinho antes de 1975 e no ano de 74 já eu andava de cravo na mão...mas essa de estar sempre a escrever sobre política já enjoa, até porque hoje em dia é uma coisa que dá vómitos...
(e também sei escrever que em vez de q)
Bjocas ruivas
Amen, JM.
Ke raio de inquietação essa!!!
Põe-te lá calminho para nao esgotares essas energias em vao!...
Kisssss
Rita:
Obrigado pela tua amizade e pela oferta da taça do vinho - que não bebo (mas que sei saborear).
As amizades e/ou a inexistência delas deixa-nos abalados...
Mas, não caímos!
Bjs
Olá Anónimo das Ruivas:
:)
Cravo na mão ao 25 de Abril foi um privilégio que poucos dos que hoje respeitam a democracia tiveram.
Mas este post não fala em política.
Fala em valores que se trabalham sobre a égide da amizade.
Esses são transversais às políticas, aos políticos e dizem respeito ao Homem.
:)
Olá Maria Mar:
Estas inquietações são demais presentes e evidentes.
Dificieis de esconder.
Mas, as ilações podemos tirar, para não voltar a errar.
Bjs
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