Lembra-te. Eles são todos mágicos detentores de mil sábias palavras, de moldados cabelos, de esculturais corpos, de macias peles, de bons, belos e bonitos carros, roupas e casas.
Mas, onde te agarras tu quando no centro do olhar encontras o vazio do céu, o deserto da magia?
Se os homens são previsíveis aos olhos das mulheres, e estas aos olhos deles, porque motivo se fazem embrulhos e prendas que o sol, os dias e a desilusão mais tarde te faz caminhar para o ecoponto dos desaires do sentimento?
Eterna insatisfação acrescida de errada pontaria, ou quiçá destino cruel que nos foi traçado? Tudo isso é de fácil emissão vocal e interiorização. E a complexidade e imprevisibilidade do ser humano, como o mais insaciável ser que se quer ultrapassar constantemente? Não, isso não. Até porque não é romântico ou melodramático. Precisamos do triste fado e negra sina de uma qualquer desgraça. Mesmo quando no normal percurso da vida, onde entre o nascer e o morrer, há dias em que choramos o sentir, a perda, a ausência, o vazio…
Pára. Olha o céu. Não escolhas uma estrela. Escolhe várias. Convida-as a ir ver o mar. Fala com elas. Não ouves as suas respostas, os seus sorrisos que fazem brilhar a Lua?
Pede. Pede à cigarra que te lance a sua melodia e deixa-te voar pelo que a natureza te dá. Sim, a natureza. Que coisa mais sem sal e eclética, nada moderna, banal e desprezível quando de sentimentos se fala e para árvores, pássaros e ervas me remetes meu Suplemento de Alma…
Mas, é da e na natureza que o equilíbrio nos encontra, ou nós nele. Aquela natureza que de nós só respeito exige. Aquela por quem nós somos responsáveis, pois só nós dela podemos cuidar. A nossa natureza interior… A pura que de nós emerge quando libertos de pensamentos, soltos de amarras, livres de pensamento nos situamos no meio, nos orientamos na bússola, nos definimos com o nosso querer.
Tudo. Tudo o resto é efémero.
Entre o efémero, e o dia de fechar os olhos, está o tempo que temos para viver.
Utopicamente, ficará sempre muito para fazer. Muito para ver. Muito para conquistar. Mas, no dia a dia olhamos os relógios e somos guiados pelas responsabilidades que nos castram o pôr de sol, os pingos de chuva grossa, os beijos das nuvens, o cheiro das ondas e das serras…
Meu Suplemento de Alma…a sã loucura é a que nos deixa ser nós mesmos com todos os nossos defeitos e virtudes.
Estamos a tempo de mudar? Sempre a tempo, mesmo que no tempo, tempo não se encontre…
Como diria um grupo de homens livres e de bons costumes: que assim seja…se tua vontade assim o indicar...
João Caldeira Heitor
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