quinta-feira, 19 de maio de 2011

Quando o dia nos voa por entre os dedos...

Mesmo que neste andar, de movimento, ou urbano, se esqueçam das vontades que alimentam as tuas entranhas, não deixes de acreditar em ti.

Lembra-te. Eles são todos mágicos detentores de mil sábias palavras, de moldados cabelos, de esculturais corpos, de macias peles, de bons, belos e bonitos carros, roupas e casas.

Mas, onde te agarras tu quando no centro do olhar encontras o vazio do céu, o deserto da magia?

Se os homens são previsíveis aos olhos das mulheres, e estas aos olhos deles, porque motivo se fazem embrulhos e prendas que o sol, os dias e a desilusão mais tarde te faz caminhar para o ecoponto dos desaires do sentimento?

Eterna insatisfação acrescida de errada pontaria, ou quiçá destino cruel que nos foi traçado? Tudo isso é de fácil emissão vocal e interiorização. E a complexidade e imprevisibilidade do ser humano, como o mais insaciável ser que se quer ultrapassar constantemente? Não, isso não. Até porque não é romântico ou melodramático. Precisamos do triste fado e negra sina de uma qualquer desgraça. Mesmo quando no normal percurso da vida, onde entre o nascer e o morrer, há dias em que choramos o sentir, a perda, a ausência, o vazio…

Pára. Olha o céu. Não escolhas uma estrela. Escolhe várias. Convida-as a ir ver o mar. Fala com elas. Não ouves as suas respostas, os seus sorrisos que fazem brilhar a Lua?

Pede. Pede à cigarra que te lance a sua melodia e deixa-te voar pelo que a natureza te dá. Sim, a natureza. Que coisa mais sem sal e eclética, nada moderna, banal e desprezível quando de sentimentos se fala e para árvores, pássaros e ervas me remetes meu Suplemento de Alma…

Mas, é da e na natureza que o equilíbrio nos encontra, ou nós nele. Aquela natureza que de nós só respeito exige. Aquela por quem nós somos responsáveis, pois só nós dela podemos cuidar. A nossa natureza interior… A pura que de nós emerge quando libertos de pensamentos, soltos de amarras, livres de pensamento nos situamos no meio, nos orientamos na bússola, nos definimos com o nosso querer.

Tudo. Tudo o resto é efémero.

Entre o efémero, e o dia de fechar os olhos, está o tempo que temos para viver.

Utopicamente, ficará sempre muito para fazer. Muito para ver. Muito para conquistar. Mas, no dia a dia olhamos os relógios e somos guiados pelas responsabilidades que nos castram o pôr de sol, os pingos de chuva grossa, os beijos das nuvens, o cheiro das ondas e das serras…

Meu Suplemento de Alma…a sã loucura é a que nos deixa ser nós mesmos com todos os nossos defeitos e virtudes.

Estamos a tempo de mudar? Sempre a tempo, mesmo que no tempo, tempo não se encontre…

Como diria um grupo de homens livres e de bons costumes: que assim seja…se tua vontade assim o indicar...

João Caldeira Heitor

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