quarta-feira, 9 de maio de 2012

O que somos e temos…


Há dias em que nos queixamos da vida, dos recursos que julgamos insuficientes, da chuva e do sol, do buraco na estrada de alcatrão, dos centros comerciais cheios que não nos permitem circular à vontade. Porém, esquecemo-nos dos povos que vivem em países com grandes dificuldades.

Em representação institucional desloquei-me ao Município de São Filipe, em Cabo Verde onde constatei uma realidade de via que corta a luxúria, a gula ou a avareza de qualquer europeu, face às dificuldades do povo cabo-verdiano.

Muito se tem feito e desenvolvido em São Filipe nas últimas duas décadas. Ao nível de saneamento, do porto, do aeroporto e iluminação pública, por exemplo. Porém, somente circulei numa estrada alcatroada, as centrais elétricas funcionam com geradores e a maioria das habitações estão por terminar.

Porém, este povo recebe e vive com alegria, educação, empenhados com afinco nos seus trabalhos, mesmo com todas as condicionantes dos habitantes de uma ilha, sem diamantes, petróleo ou gás natural.

Natural, só mesmo a sua essência, a sua paisagem, o vinco do seu rosto, do seu olhar, que mesmo com as dificuldades conhecidas, nos brindam com a sua felicidade.

Desta lição de vida retiro a conclusão de que os queixumes de uns, nada mais são do que luxos de uma sociedade consumista, quando comparados pelas debilidades de muitos outros.

Cabo Verde já possui muitos recursos humanos habilitados e emigrantes de sucesso pelo mundo fora, mas impõe-se o aumento de projetos partilhados com a Europa.

Na passagem do 13º aniversário sobre a assinatura do protocolo de Geminação entre os Municípios de Ourém e São Filipe consolida-se o ato assumido em boa hora, assim como todas as parcerias ocorridas nestes anos.

No acompanhamento das cerimónias oficiais, e na companhia do Presidente do Município de São Filipe, Eng. Eugénio Veiga, conheci um “homem-exemplo” face à sua postura solidária e espontânea junto dos seus. Vi a entreajuda e uma preocupação humana que ultrapassa as obrigações institucionais de um Presidente de Câmara. Um homem que tem sabido canalizar os escassos recursos financeiros para áreas prioritárias, e que o povo reconhece com uma calorosa simplicidade, patente nos cumprimentos, nos abraços e sorrisos partilhados na alegria, pelo simples fato de estarem vivos.

Reforcemos as parcerias pela dignidade humana e partilha social do mundo civilizado a que pertencemos. Pensemos no mundo pelo seu todo e deixemos o nosso umbigo como o centro do mundo. Difícil? Sim. Mas, está nas mãos de todos nós ajudar e sermos ajudados em cada dia onde o sol nasce pelo mundo fora…

João Heitor

1 comentário:

Anónimo disse...

Magnifico texto... Consegues colocar-nos lá, com esse povo que, sem nada, tem tudo o que é necessário para se ser feliz - a alegria de viver e os valores essências da mesma!:)

Obriga-nos a pensar duas vezes antes de abrirmos a boca para nos queixarmos do que temos ou não temos, do tudo e do nada...

E, com tudo, tantas vezes, sem essa felicidade para oferecer a troco de apenas um sorriso.

Fica o exemplo de quem vivenciou, para reflexão!;)

Obrigada pela partilha do momento.:)

Vaps