terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Reflexões de um aprendiz da vida diária...

À medida que os anos passam, e que as experiências de vida se acumulam pela diversidade de vivências, questiono, olho e descubro um mundo diferente.


A existência humana e os seus relacionamentos, a vida, a própria construção do Homem enquanto ser, e as razões dos seus múltiplos desenvolvimentos têm sido arestas para as quais tenho direcionado a observação, a interpretação de sinais, a par da audição dos homens e mulheres de cabelos brancos. 


Nestas recolhas de pensares e ensinamentos obtenho pequenos elementos, que como se peças de um gigantesco puzzle se tratassem, junto e bebo. Líquidas e sábias palavras, textos e estudiosas estórias que nos bancos da escola deviam pertencer a um qualquer suplemento arrancado dos manuais...


Entre estas e outras leituras tenho compreendido que sempre existiu uma ligação entre o poder e a construção humana. Para mim o poder não reside na sua forma, mas sim na espontaneidade com que ocorre. O poder não é, de todo, a força da ordem. O poder reside em todos aqueles que procuram atingir a perfeição da construção partilhada, pelos objetivos comuns. Esse é o poder!


Mas, para isso, a sintonia estrutural, mormente assente em valores de educação intrínseca, deve estar, efetivamente, sintonizada, Qual simbólica romã... Um mestre de ofício reservado um dia disse-me que a união só se consegue quando, realmente, não há interesses individuais. Despir as fardas do egocentrismo concentrado no umbigo, em pleno Inverno.


Sei que as vontades só estão ao alcance daqueles que agem de acordo com os seus princípios, sem pressas, ouvindo mais do que falando, lendo mais do que discursando. Em segredos e mistérios está envolta muita da história da humanidade, do pensamento desta espécie, que, como me referiu um colaborador do último ano de Verourém, “o Homem tem capacidade para criar muito...”.


Não quero, não sou propenso, nem desejo desvendar segredos, mistérios. Quero primeiro, e acima de tudo, aperfeiçoar-me na prática diária dos valores e condutas humanas pessoais. E, se, ocasionalmente, ou por vontade dos meus amigos, for reforçando os elos que nos ligam nessa mesma naturalidade da partilha de vida, sentir-me-ei mais rico, mais feliz. 


Mais como um livro aberto onde se possam ler as secretas palavras que alicerçam os homens livres, de moral e ética humana. Recentemente, num encontro político, e no uso da palavra, destaquei a necessidade de se obter uma mudança de paradigma. Utopias e boas intenções dirão os racionalistas. Porém, desde a escola grega que o humanista tem como imperativo da sua natureza, o respeito pela lei moral. A articulação entre conhecimento, moral e virtude tem estado no meu horizonte diário, a par das minhas ações. Como humano tenho errado, e além destes as omissões que os meus amigos me apontam. Como valorizo esses reparos. Só assim posso continuar a trabalhar a pedra bruta do meu ser, com determinação, levando-me a corrigir e a melhorar a minha construção individual para que numa cadeia de união, a que alguns chamam de sociedade, possa cumprir o meu papel, e, tranquilamente, valorizar a essência da vida.


João Caldeira Heitor

4 comentários:

Ana disse...

é sempre um gosto saborear a harmonia das tuas palavras e pensamentos... lembrei-me agora do filme Ágora... viste?
beijo grande
Ana

mlu disse...

Grandes e sábios propósitos para o Ano Novo mas, pelos vistos, já os punhas em prática muito "ó p'atrás"! Que o mundo, a sociedade não te desiludam!

Abração.

João Caldeira Heitor disse...

Olá Ana,

A harmonia das minhas palavras é um suplemento de calma, face à agitação da vida.
Ainda não vi esse filme.
O que me sugeres que faça? Que o veja, ou que continue a escrever?
Um beijinho amiga

João Caldeira Heitor disse...

Mlu,

Sou juiz em causa própria, mas procurei sempre pautar o meu comportamento pelo mesmo diapasão.
Sinto, por vezes, essa desilusão. Não provocada pela vida, mas por alguma gente. Também algumas, outras pessoas.
A utopia do dia a dia em pleno, é um pouco como a restauração da democracia após o 25 de Abril de 74: soube a pouco pelo que se podia ter atingido...
Um beijinho amiga