segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Cruzes canhoto!


Não há novidades nos dias de hoje.
Repete-se o velho que caiu no esquecimento, alterado pelos novos caminhos dos dias.

Há várias formas de estar na vida, dentro dela, fora dela, em sociedade, no mundo individual de cada um, ou no nosso mundo onde os outros parecem estar, e, algumas vezes, errados.
Há quem assim pense, talvez se veja, se deseje ver, pense ser visto, ou se encontre, mesmo, lá.
Por aqui, tenho dito, não moram verdades supremas. Não as tenho, nem as desejo.
Se alguma vez tivesse essa ilusão, teria, decerto, caído no isolamento social e perdido o discernimento.

Ora aí está. O discernimento. Aquele que falta quando as águas estão turvas e não se sabe o que fazer.
Melhor, bom e de boa figura consegue-se na poltrona do sofá, no café atrás de uma cerveja, ou na “má decência” intelectual de certas gentes.

Não vale tudo, nem tudo vale. Até porque o tempo tem-se encarregue de separar a água turva da terra barrenta. E no fim da passagem da peneira todos seremos pó.
Essa finitude carnal é aquela que nos separa da alma, do coração que sente, da essência que nos separa.

Assim, a morte dos afectos, a perda de discernimento, torna-se para muitos como a linha a evitar.

Há vários provérbios, frases célebres ditas por mortais que pereceram, mas que deixaram essas expressões agora na moda da citação.
Eu limito-me a olhar para as estantes do escritório e a pousar os olhos num livro que tanto representa durante uma noite: “Felizmente Há Luar” de Luís de Sttau Monteiro
(ainda somos livres de pensar, sentir, viver e caminhar)

João Caldeira Heitor

1 comentário:

Carlos Gomes disse...

Existe uma tendência para identificar a peça "Felizmente Há Luar" de Luís de Sttau Monteiro como uma crítica ao regime do Estado Novo, associando a figura de D. Miguel a Salazar.
Pessoalmente não partilhe dessa associação e penso que se deveria proceder a uma reanálise dos factos históricos ao tempo das invasões francesas. Compreendo que o facto do General Gomes Freire de Andrade, então Grão-Mestre da Maçonaria, ter sido mandado executar pelo seu próprio primo tenha determinado que, mais tarde, os vencedores tenham escrito a História da forma como actualmente ela é apresentada. Porém, o ocorrido não diminui o mérito de D. Miguel Pereira Forjaz, Conde da Feira, a figura que é retratada na peça "Felizmente Há Luar", na organização da resistência aos invasores franceses que, entre outros crimes que praticaram, incendiaram a vila de Ourém.
Ao General Gomes Freire de Andrade, por sinal primo do seu próprio executor, não devemos a libertação do jugo napoleónico pois integrou a Legião Portuguesa que Napoleão enviou para a Rússia. Pelo contrário, encontrava-se entre os que a Junot suplicaram uma constituição...
Contudo, com um pouco de imaginação, seremos capazes de encontrar na peça de Sttau Monteiro alguns elementos comuns que nos permitam identificar aspectos característicos do anterior regime político.