segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

É isso. Não mexas mais!

Este ano lectivo, pela primeira vez desde que terminei o curso, ainda não fui colocado.

Não fui, nem serei, tendo em conta que as colocações cíclicas efectuadas pelo Ministério da Educação terminaram em Dezembro de 2006.

Desde lá, e até à presente data, leio os jornais à procura das ofertas de escola.

Percorro os sites das Direcções Regionais de Educação em busca das ofertas de escolas.

Compro os jornais, imprimo currículos, certificados de curso, declarações de tempo de serviço prestado, fotocópias do bilhete de identidade e até do cartão do contribuinte… Com isto tudo já lá vai mais de uma resma de papel e um cartucho de tinta, para mais de 50 escolas... Algumas obrigam a que os candidatos se apresentem e formalizem a candidatura na secretaria. São filas e filas…

Outras não permitem o envio da candidatura via email ou fax, por contenção de despesas (veio escrito numa publicitação de oferta de horário num jornal de âmbito nacional…). Desconhecia que os emails recebidos se pagavam... (lol)

E passo dias a caminhar para os correios. Já me encontro com outros colegas, ao balcão, numa peregrinação incerta.

Correio normal, azul ou registado - pergunta o funcionário. Azul, pelo menos temos a certeza que chega dentro do prazo da vaga. Ou registado para ser efectivamente entregue.

Os custos monetários são significativos (papel, tinta, envelopes, selos, gasolina...)

Resta saber o que estarão agora a fazer os funcionários do Ministério da Educação, que até Dezembro publicavam as ofertas de horários nas colocações cíclicas...

Resta saber o que espera a população de uma classe docente desanimada e incrédula, face às constantes e inexplicáveis medidas que o Ministério vai processando, em nome de uma reestruturação, que efectivamente não consta no programa eleitoral do Partido Socialista, apresentado nas últimas eleições legislativas…

Resta saber se a profissão que abraçamos com gosto e determinação, será, ou não, aquela que contará com a nossa existência e trabalho num futuro próximo. Amanhã, daqui a um mês ou nunca mais.

Isto porque entretanto há uma vida para viver e outro trabalho a procurar.

E nesta situação já conheço algumas dezenas de colegas que desistiram do ensino e foram para outras áreas.

Mas, o pior, será daqui a uns 10 anos, quando o país precisar de professores e eles não existirem, tendo em conta os processos de reforma, o envelhecimento da classe e o congelamento dos cursos vocacionados para a educação.

E então aí, ou nessa altura, recrutem advogados, engenheiros, arquitectos e outros profissionais, para leccionar...

6 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

Um abraço apertado e solidário!

chloe disse...

...daqui a uns meses ando eu nessa vida, não tarda muito estou licenciada :) esperemos que encontre qualquer coisinha.

Desejo-te muito boa sorte amigo, e "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura";)
beijo grande

Anónimo disse...

Tens razão João! É uma vergonha!!! E ainda há quem diga que os professores têm uma boa vida...
Não desanimes.
Beijinhos
Paula

João Caldeira Heitor disse...

Obrigado Rosa dos Ventos.

Boa sorte Inês. Na tua área é bem fácil!
Acredita!

Tens razão Paula. Injustiças duplas. As opiniões e as não colocações...

Anónimo disse...

...cof, cof, tb não é assim tão facil como pensas! ...capaz de ser mais fácil q a tua area, mas não tão simples assim.
Facil se tiveres a tal cunha e inserido no meio social XPTO :P

João Caldeira Heitor disse...

... a cunha? Só se for da bota...
Lol...