sexta-feira, 13 de abril de 2012

Há Homens de valor entre certa gente...

Ao longo da vida crescemos pelo convívio com pessoas que se cruzam no nosso percurso de vida, e com quem aprendemos a consolidar os pilares da estrutura pessoal.

Na semana passada faleceu o Padre Abílio Franco. Pároco durante largas décadas na paróquia de Alcanena (terra da minha família materna). Homem íntegro, humano, defensor dos valores do catolicismo, mas, simultaneamente, destemido nas laços que estabeleceu entre a fé e os homens e mulheres de carne e osso.

Há 35 anos o pároco de Ourém recusou o meu baptismo, pelo simples facto dos meus pais, somente (?), serem casados pelo registo civil. O Padre Abílio Franco quando conheceu a situação logo se prontificou a proporcionar à minha família, e a mim, esse momento simbólico. O baptismo. Pelas suas mãos, pelas mãos de um servo de Deus, fui recebido na igreja, confirmando neste acto, o cumprimento da missão que Jesus Cristo deixou ao mundo.

São homens como o Padre Abílio Franco, humildes, disponíveis, simples, que credibilizam as instituições. Neste caso específico, ligando afectuosa e espiritualmente, o Homem aos valores do Humanismo, pelo que de mais puro o mesmo comporta, e se assume nos evangelhos, na Bíblia.

Curiosamente, ou não (lá está), os meus pais acabaram por se unir à luz da igreja católica, 10 anos depois de eu ser baptizado. Obviamente, que pelas mãos do Padre Abílio Franco, numa cerimónia onde as palavras sagradas confirmaram aquilo que a sociedade, há muito, já tinha assumido como um dado adquirido.

Esta reflexão pessoal, mas decerto comum a alguns leitores, transporta-nos para outras questões. Há Homens que se encontram ao serviço das organizações, das instituições, e que a elas se dedicam. Outros há, que, das organizações a que pertencem, pouco ou nada acrescentam. Na função pública, no sector privado, na igreja, nas funções liberais, há Homens que nem sempre honram as nobres funções profissionais, que lhes estão sujeitas.

Porém, na vida, e até que a nossa memória se apague, recordamos Homens como o Padre Abílio Franco. Homens à frente do tempo, de generosidade reconhecida, que com estima e saudade, deixam a sociedade mais pobre com o seu desaparecimento físico. Outros há, que, serão esquecidos, ou, lembrados pelas piores razões. Também, assim é o mundo, justo.

João Heitor

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